24 de fev. de 2008

A grande emancipação feminina

Em meados do ano passado, decidi que ia passar a controlar a minha vida. Esse controlo passou por tratar de eliminar algo que, além de inútil para mim, era desagradável e fazia-me sentir diminuída na minha condição humana: a merda do período. Eu disse merda? Peço desculpa, devo-me ter enganado. O período para mim era aquela altura do mês em que chegava a estar 7 dias - 7! - sem cagar. Sem falar das dores e do risco de sujar a roupa interior e do facto de ter de dormir imóvel em posição de múmia durante 3 noites de forma a não fazer chiqueiro na cama. Alguém imagina o que é não defecar há bué e ainda por cima ter de dormir apoiada no próprio traseiro?

Adiante.

Após uma tarde de consulta na net percebi que, se fosse americana tinha duas hipóteses: na primeira, bastava ir ao médico e queixar-me muito que ele iria aceitar remover todo o meu útero, o que me pouparia imensas chatices. É o que se faz às cadelas e às gatas no nosso país, sem lhes pedir consentimento. Mas aparentemente, não se faz às pessoas, mesmo que estas deêm permissão. Ou implorem!
Engendrei um plano: doar o útero a alguém que quisesse ser mãe mas não pudesse. Ok, reconheço que me estava a esticar...

Então fui ter com o Dr. Ginecologista e disse "Basta! Eu quero que me remova o útero!", ao que a resposta foi: "Não seja tola..." - "Ok, então vou tomar a pílula tipo, para sempre, tá? Sem nunca parar!" E assim o tenho vindo a fazer nos últimos 9, 10 meses, nem sei. Mas têm sido meses de felicidade despreocupada. No meu wc há uma embalagem de pensos diários ainda por abrir desde o Verão. Bliss!

E agora chegamos à segunda hipótese: tomar a pílula todos os dias sem interrupções durante um ano, sem ter de ter o período entretanto. Nos EUA já há algum tempo que há pílulas, como a Seasonale, que permitem ter o período apenas 4 vezes ao ano e entretanto foi lançada a Lybrel, uma pílula que se toma 365 dias por ano. Falei disso a ambos os meus médicos, tanto ao Dr. Ginecologista como ao Dr. Médico-de-Família e ambos concordaram que não há riscos na toma inínterrupta da pílula. Mais, o Dr. Médico-de-Família, brasileiro de S. Paulo, disse que, na sua opinião, não há necessidade de as mulheres terem o período se não querem ter filhos, aliás, se pensarmos nas gerações anteriores à nossa, até há bem pouco tempo as mulheres passavam a maior parte da vida sem terem o período porque estavam sempre a parir.

Por isso eu pergunto: além daquela vantagem de renovar o sangue, blah blah blah, há alguma necessidade de se ter o período? Não. E há estudos que o demonstram.

Na minha opinião, essa tal "obrigação" da mulher em ter o período não passa de isso mesmo, de uma imposição da sociedade que, moldada por conceitos morais que me são alheios, não consegue separar o ser mulher do ser mãe. E todas as mulheres devem ser mães em potência. Caso contrário, como pode a sociedade defini-las, classificá-las?
A sociedade em que vivo tem dificuldades em encarar géneros que não o 100% feminino ou o 100% masculino. Mulher que é mulher tem de ser completa. E com os homens a mesma coisa.

Pois eu acredito na igualdade entre todos os géneros e, se posso decidir, a priori, como quero viver a minha vida, fá-lo-ei. Fartei-me de dar ouvidos às vozes ignorantes das minhas amigas que diziam "ouvi dizer que isso faz mal, que podes ficar com cancro". Um outro médico disse-me no outro dia que não é natural uma mulher não ter o período. E então? Há muita coisa que as pessoas consideram pouco natural e não é por isso que trazem malefícios. O "natural" vai até onde quisermos que vá.

Para mim, a libertação feminina não passa pela liberalização do aborto - passa pelas escolhas que podemos fazer para impedir que se chegue ao ponto de se tomar essa decisão. E as decisões só podem ser tomadas se conhecermos - e se fizermos por conhecer - as nossas opções.

Caso contrário, vamos continuar a ter chatices um vez por mês só porque sim.

Já agora, a Lybrel estará à venda em Portugal no segundo semestre de 2008, segundo se diz por aí. Por mim, se alguém quiser um útero, o meu continua disponível para oferta. Que façam bom proveito.

21 de fev. de 2008

I do dig a certain girl


Pois é. Ontem estava a tratar da faxina e a ouvir o meu CD de KD Lang (sim, eu sei...) e estava a pensar na nossa inner dyke. Estava a pensar que todas temos uma. Assim como os gajos devem ter todos um inner queer. Pelo menos assim o espero. Eu sei que se eu fosse gajo fantasiaria com matulões tipo o gostosão dos Queens of the Stone Age ou com freaks libidinosos tipo o Devendra Banhart.

Adiante. O facto é que tenho uma inner dyke, aquela que me levou a ver todos os filmes com cenas gay no videoclube, aquela que me obrigava a ver o OC todos os sábados à tarde e por aí fora. Aquela que de vez em quando me lembra de ir ler os boletins da ILGA e ir ao gay pride. O que é que eu hei-de fazer? Eu estimo a minha inner dyke e acho que toda a gente devia estimar a sua. E lamento por quem não tem uma. Uma inner dyke ajuda qualquer rapariga a ver o mundo com outros olhos (por vezes uns olhos tarados, eheheh) e a, caso decida escolher parceiro/a, escolha apenas the finest of the finest.

Eu por mim, gostava de viver numa realidade paralela onde pudesse namorar com a Misha Barton, andar aos melos com a Salma Hayek e, um dia, casar com a Julianne Moore. E sim, também acho a Alicia Keys muito poposuda. E a gaja das tatuagens do Miami Ink e por aí fora...
What's a girl supposed to do?

11 de fev. de 2008

Os Bichos

Para aqueles que conhecem o meu agregado familiar, tenho a informar que foi com prazer que recebemos a Nana, mais um membro canino na família que, juntamente com o Sr. Murnau e a Srta. Brunhilde, habitará doravante na nossa residência à Praça do Marquês, no Porto.
Caso estejam a questionar-se sobre o relacionamento entre os membros quadrúpedes da nossa família, acrescento que a Srta. Brunhilde se mostra desagradada com a menina Nana (o seu coração felino apenas tem lugar para um canídeo, o seu mui adorado Atos) enquanto que o Sr. Murnau não apresentou qualquer objecção ao convívio com o novo elemento estando, neste momento, a partilhar o mesmo leito que a cadela.

Por último, mandamos saudações ao desaparecido Guénon. Onde quer que estejas, esperamos que te estejas a divertir, gatinho :*
 

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