10 de dez. de 2005

A verdade acerca dos call-centres...

Nem tudo o que se vê na televisão é real...
Hoje estou suficientemente irritada para fazer um post escrito, um que não seja só uma foto - which is the way i like'em.
Eu trabalho num call-centre. É já o terceiro. Primeiro um ISP, depois uma companhia aérea e agora novamente um ISP. Encaro estes trabalhos como temporários pois deus me livre de ficar a trabalhar nisto para sempre. Disse ela, na certeza de que este é mesmo o último.
O que eu gosto nos call-centres: entras lá a saber 0 sobre um dado produto, tecnologia, sistema informático, whatever, e sais de lá a saber tudo. O que é pena, porque normalmente ficas triste por saber tanto e poder fazer tão pouco. É verdade.
Os clientes (que são o que me leva a escrever esta pequena dissertação): há-os de duas maneiras.
Há clientes que ligam, são informados/orientados e aceitam o que lhes é dito. Quando não aceitam, quando acham que poderia ser feita mais qualquer coisa ou que não estão suficientemente elucidados, pedem educadamente para falar com um superior hierárquico ou fazem o mais sensato - escrevem, mandam um fax. Um fax é sempre considerado "importante".
E agora algo completamente diferente!
Regra número um do call-centre: o operador não mente
Regra número dois do call-centre: o cliente que menos facturação dá à empresa é sempre o que mais reclama.
Normalmente estes clientes ligam, gritam e ofendem (por vezes pessoalmente) quem nada tem a lucrar com a insatisfação do cliente. Hoje fui chamada de aldrabona, mentirosa, incompetente. Ontem chamaram-me gulosa. Por dinheiro, lol!
É que na cabeça de quem liga, a pessoa que atende ganha parte dos lucros que o cliente gera. Por isso, quantos mais clientes vigarizados, melhor! Oh sim. É mesmo isso! E já agora, tudo o que dizemos é mentira, proferimos falsidades tal como nos foi ensinado a fazer na Academia do call-centre, onde somos todos treinados. Será que alguém acredita mesmo nisto? Eu acho que sim, em certos casos há clientes que acreditam realmente que os operadores telefónicos são alguém que, quando chega a altura da partilha do saque, também fica com uma parte para si. É. O operador não é o coitado que está lá a atender aos sábados, aos feriados, à noite, quando todos descansam, quando todos param de trabalhar.
Vamos ver as coisas como são: os empregados dos centros comerciais (até já do comércio de rua), os seguranças, os assistentes de call-centre e afins são aqueles que possibilitam que os outros gastem o seu dinheiro naquilo que querem e de que precisam. se não houver ninguém a trabalhar lá, bye-bye idas ao supermercado a altas horas da noite. Adeusinho aos fins-de-semana no shopping. Como é possível que eu, de pijaminha e no quentinho de minha casa à uma da manhã me vá lembrar de mandar vir com um pobre coitado que a única merda de emprego que arranjou foi esse? Por favor. Nós, os que trabalhamos, gostamos que nos deixem fazer o nosso trabalho em condições e parte dessas condições é não ter de 5 em 5 minutos a nossa palavra posta em dúvida e o nosso nome insultado. Até já me disseram que os meus chefes me dizem para mentir. Quando for para ganhar dinheiro à custa de me vender, sei onde o posso fazer e com mais sucesso.
Mas tudo bem. já estou em casa, já estou no meu aquário de bem-estar e caguei naqueles FDPs todos espero só que fiquem todos desempregados e que um dia os veja lá a todos. Para se ouvirem a eles mesmos. Damn bitches!...

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