31 de mai. de 2009

Estágios não remunerados

Costumo consultar sites de emprego e pasmo perante a quantidade de estágios não remunerados que vejo nas ofertas.

No Carga de Trabalhos, um site dirigido principalmente a áreas relacionadas com a comunicação, vejo inclusivamente anúncios de empresas que, à custa dos estágios não remunerados, constituem equipas criativas inteiras sem gastar um tusto, coloncando anúncios distintos para designers, programadores, paginadores e tradutores.

E como vai sempre haver um puto à procura da primeira oportunidade de brilhar na área de estudo em que enterrou centenas (senão milhares) de euros, as empresas continuarão a lucrar com base na mão de obra gratuita.

Resultado: não há qualquer dinâmica no mercado de trabalho, os putos iludidos de hoje serão os trintões desempregados de amanhã, que após o fim do estágio verão outro otário substituí-los e compreenderão que estes estágios não remunerados não têm valor nenhum. Não abrem portas. Não enriquecem o currículo. São só horas de trabalho perdidas.

Entretanto os verdadeiros profissionais, aqueles que, tendo ou não experiência, esperam ver o seu trabalho recompensado com um salário ao fim de cada mês, ficam na merda. Porque vai sempre haver alguém que, sem receber nada, se disponibiliza a fazer o que for preciso. Ainda que isso comprometa a qualidade do produto. Sites pouco funcionais, traduções incorrectas, que se lixe.

E é já para não falar nas empresas de advogados, onde esta situação é quase regra. Sim, pôr licenciados em Direito a tirar cafés e a atender telefones ajuda-os imenso a consolidar o que aprenderam na faculdade.

Em conversa de bloggers no outro dia, conclui-se que estes estágios profissionais são em grande parte causadores da continuidade da crise em que estamos, em que há pessoas que estão desempregadas ou que não arranjam emprego naquilo que sabem fazer melhor porque o mercado está infestado de totós que trabalham de borla.

O site que referi acima vende uns crachás muito divertidos a brincar com esta situação, que infelizmente é muito séria. Mas mais vale rir que chorar, certo?

A Polaroid vai voltar!

Felicidade total com esta notícia!

Sou uma proud owner de várias Polaroids, duas delas da Barbie, e posso garantir que não há fotografia mais maravilhosa (e imprevisível) do que a tirada com uma Polaroid.

FYI, as Polaroids não se abanam, colocam-se no quentinho ou no frigorífico consoante o tipo de côr que queremos obter.

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O regresso anunciado da Polaroid
30.05.2009, Vanessa Rato - Público

Até ao fim do ano, o austríaco Florian Kaps conta ter reinventado o segredo da Polaroid e ter a sua fábrica holandesa a vender para o mundo inteiro

Há dois anos, quando se anunciou o fim da produção dos rolos de revelação instantânea da Polaroid, ficou também anunciado o fim de um formato que de símbolo de democratização da fotografia passara a objecto de culto. A culpa, disse-se, era do digital, que, mais rápido, mais barato e com cada vez melhor definição de imagem, tinha tornado obsoleto o seu antepassado mais directo. Felizmente, por uma vez, enquanto meio mundo largava tudo e se punha a correr cegamente na direcção do futuro, houve quem se tenha deixado ficar a olhar o vazio transformando-o numa oportunidade. Esse alguém foi Florian Kaps, um austríaco de 38 anos.

Formado em Biologia, até ao fim do ano Kaps conta ter o seu lugar ao sol no nicho cada vez mais alargado do regresso ao analógico. O diário norte-americano The New York Times foi encontrá-lo em Enschede, uma pequena cidade na fronteira da Holanda com a Alemanha. É lá que fica a fábrica onde, com um pequeno grupo de cientistas, está a tentar reinventar o Santo Graal dos segredos químicos da Polaroid.
Reinventar é a palavra certa. A viver em Viena, em Junho do ano passado, Kaps, que há já três anos geria uma loja online de produtos da marca, decidiu ir até Enschede para a cerimónia de encerramento da fábrica local. Foi lá que conheceu André Bosman, o engenheiro responsável do complexo. E foi Bosman quem lhe deu a dica: a maquinaria de produção, cuja substituição recente custara mais de 90 milhões de euros, ainda funcionava, apesar de estar destinada ao lixo em dias. "Foi aí que parámos de beber cerveja - o que é uma pena, porque a cerveja holandesa é boa - e começámos a falar de negócios", contou Kaps ao NY Times.
Salvar o equipamento
Com Bosman, Kaps inundou a Polaroid de pedidos e conseguiu salvar o equipamento, em parte ajudado pelas acusações de fraude fiscal que entretanto caíram sobre Tom Petters, presidente da empresa do Minesota que comprou o nome, propriedade intelectual e bens da Polaroid e que pretendia transformá-la em mais um nome do mercado do digital. Com as acusações pendentes e no meio da incerteza, o proprietário da fábrica holandesa decidiu alugar as instalações a Kaps e à bolsa de cerca de dois milhões de euros que este conseguiu reunir junto de amigos e família. Tarde demais, porém, para conseguir amostras dos químicos: essa linha de produção, sedeada nos Estados Unidos, fora desmantelada anos antes, deixando apenas stock suficiente para chegar aos últimos dias previstos de fabrico dos rolos.
O que está agora em causa, para Kaps, é, pois, uma verdadeira reinvenção da caixa que contém tudo o que normalmente estaria numa sala de revelação: papel fotográfico, negativo, fixador... "Temos aqui um total de cerca de 300 anos de experiência. Essa é a chave de reinvenção do processo", disse Kaps, optimista, ainda ao NY Times.
Segundo os seus cálculos, actualmente, haverá um total de mil milhões de máquinas Polaroid espalhadas pelo mundo. Mesmo que muitas delas tenham ido parar ao fundo de gavetas e armários, Kaps, que põe na equação os 300 milhões de pacotes Polaroid produzidos em Enschede em 2007 e os 24 milhões dos primeiros meses de 2008, acha que pode contar com pelo menos dez anos de produção, até o formato se tornar definitivamente não rentável (ele traça o próprio retrato: "Fiz uma tese muito interessante sobre os olhos das aranhas, mas sempre fui um vendedor").
Quando se anunciou o fim da marca anunciou-se também que o prazo de validade dos últimos lotes expirará em Setembro deste ano. Foi quando surgiram os vários grupos Save Polaroid e quando o site Polanoid.net, também gerido por Kaps, registou mais de 160 mil uploads de polaróides "scanadas" por apoiantes da causa.
Honestamente, o New York Times merecia dar esta história. Afinal, foi o mesmo jornal que publicou na capa a primeira fotografia do género, secundado pela revista Time, que deu uma página ao auto-retrato a sépia de Edwin Land, o inventor que durante umas férias, em 1944, tinha dado por si a tentar explicar à filha de três anos porque é que ela não podia ver de imediato a fotografia que o pai acabara de lhe tirar com uma máquina tradicional. Menos de quatro anos depois Land, a que se atribuem 533 patentes, estava na Optical Society of America com o protótipo de uma nova máquina fotográfica, a capturar e revelar imagens em menos de um minuto, fixando-as sobre um plástico carregado de microcristais de sulfato de iodoquinol.
"O objectivo da invenção da fotografia instantânea foi essencialmente estético", diria Land, que conseguiu seduzir para a sua causa um dos maiores fotógrafos do momento: Anselm Adams. Palavras semelhantes às que diz agora Kaps: "Tem tudo a ver com a importância do analógico num mundo cada vez mais digital."

30 de mai. de 2009

Zonas de Caça em Parques Naturais - petição

A Fundação Trepadeira Azul, uma ONG da zona da Guarda, está actualmente a promover uma petição para proibir o licenciamento de zonas de caça dentro dos parques naturais incluídos na Rede Natura 2000.

Para clarificar a questão, passo a transcrever parte do texto da petição:

O maciço da Serra da Estrela foi classificado como Parque Natural pelo Decreto-Lei n.o 557/76, de 16 de Julho, dado tratar-se de "uma regiaão de caracteriística económica de montanha" onde subsistem "refúgios de vida selvagem e formaçõess vegetais endémicas de importaância nacional".

[...]

Por esta ordem de razões, o PNSE (Parque Nacional da Serra da Estrela) está integrado no Programa Comunitário Rede Natura 2000, no contexto do qual se atribuem especiais responsabilidades ao Estado Português na promoção e protecção destas áreas já de si legislativamente protegidas.

Acontece, porém, que, nas zonas integradas na Rede Natura 2000, nomeadamente na área incluída no PNSE, existem zonas de caça, associativas e municipais, que estão licenciadas pelo mesmo Estado que está legalmente incumbido de proteger os Parques Naturais.

Agora que já percebemos do que se trata, podemos fazer o download da petição e imprimi-la para depois a enviar preenchida e através dos correios até à Fundação Trepadeira Azul.

Atenção: é vital que os dados estejam correctamente preenchidos (sim, o nome completo e o BI são essenciais) e que as folhas estejam impressas na frente e no verso. Casa página dá para sete assinaturas.

Caso algum leitor da zona do Porto esteja interessado em assinar mas não queira imprimir a petição, informo também que a Associação ANIMAL tem todos os sábados de manhã uma banca informativa na Rua de Santa Catarina onde está também a recolher assinaturas.

[fotografia retirada do blog da Fundação Trepadeira Azul]


28 de mai. de 2009

Animais no reino de Marrocos

Na semana passada fiz uma pequena viagem de quatro dias a Marrocos.
Sempre tive vontade de viajar até países com culturas radicalmente diferentes da portuguesa e Marrocos é barato e... diferente :)

Aqui no Norte os lisboetas e restantes habitantes do Sul de Portugal são apelidados de "mouros" e agora percebo que não é totalmente descabido. As sardinhas na brasa, os azulejos, as oliveiras, e muitas das palavras que usamos são completamente herdadas dos árabes que cá estiveram. Se não tivessem saído, suponho que a Península Ibérica fosse hoje muito semelhante ao Norte de África. Achei tudo isso muito interessante e, nesse aspecto, gostei da viagem e recomendo.

Mas há coisas para as quais não estava preparada. Sim, eu sabia previamente que iria encontrar encantadores de serpentes e macacos pela trela a entreter turistagem. Sabia que havia muitos cavalos a puxar charretes.

Já agora, uma coisa que não entendo é porque é que os bifes e os frogues, tão avançados em questões do bem-estar do animais nos seus países de origem, quando vão para o estrangeiro, nomeadamente para países que sem dívida considerarão mais primitivos, adoram envolver-se nos nossos costumes mais básicos e primitivos. Como é o caso das touradas em Portugal e Espanha, a largada de touros em Pamplona, os macaquinhos em Marrocos. Tenho a certeza que nos seus países não admitiriam que fossem feitas algumas das coisas que cá acham "very typical". Enfim... Irrita-me cada vez que vou a Sintra e vejo cavalos tugas a carregar os traseiros preguiçosos dos turistas que alugam as charretes. Soo xenófoba? A sério que não sou.

Voltando à minha pequena incursão por terras africanas...

A primeira coisa em que reparámos ao chegar ao nosso destino, Marraquexe, foi a quantidade de burros e mulas que são usados para carregar coisas. Falo de animais magríssimos (mesmo) a puxar carroças com pesos absurdos, muitas vezes cargas gigantes de cimento.

Ao virar a primeira esquina, vejo um pobre burro a levar um açoite brutal com um pau, ao ponto de dar um salto de dor. Ao olhar para as suas ancas, vi as feridas (uma ainda aberta) causadas pelos açoites. Horrível.

Ao longo dos dias percebi também que os gatos e cães da cidade não eram de facto alimentados por ninguém porque as pessoas simplesmente os ignoravam. Nunca vi gataria tão escanzelada.

Notem, de um ponto de vista meramente ecológico, é bom que assim seja. Todos nós gostamos de gatinhos, mas alimentá-los por sistema não é o melhor para eles. Perdem o medo às pessoas e perdem o hábito de caçar. Reproduzem-se consecutivamente na confiança de que as ninhadas vindouras serão alimentadas pela velhinha simpática do costume. É como dar de comer aos pombos.
Mas daí a ninguém olhar quando passa um animal ferido, ninguém tratar do gato acabado de ser atropelado que, coberto de sangue e a coxear, entra numa casa em obras para morrer, isso já me chocou mais.

Olhando à volta, compreendi que num lugar onde as pessoas trabalham 24 horas por dia para sobreviver em espaços minúsculos e onde a burguesia gulosa ainda não se instalou, não haverá grande disposição para tratar os animais como sendo "de estimação". E os únicos com os quais se interage são aqueles que servem para trabalhar. Vidas de escravatura, digo-vos...

À noite, quando ouvi pela primeira vez com total clareza as chamadas para a oração vindas de vários minaretes em simultâneo, questionei-se se aquelas vozes humanas que se erguiam nos céus não seriam mais um reflexo de uma sociedade antropocêntrica que só reconhece no ser humano a centelha da divindade... Já não existe paganismo no mundo?

[foto: galinhas num telhado em Marraquexe]

8 de mai. de 2009

O PS e os animais nos circos

Ontem a Assembleia da República discutiu a aprovação de uma lei que proibisse a exploração utilização de animais nos circos portugueses.

Apesar dos argumentos inatacáveis do PCP, do Bloco de Esquerda e dos Verdes (assim como dos votos favoráveis do CDS-PP), o PS e o PSD bloquearam aquele que poderia ser um sólido avanço civilizacional neste nosso país que, se bem me lembro, foi pioneiro na abolição da escravatura humana.

E qual foi o motivo? Poupar os domadores (que devem ser imensos) do desemprego.
Vejam o vídeo aqui e caso fiquem tão estupefactos como eu fiquei, contactem a deputada Eugénia Alho (a senhora do PS com os argumentos ignóbeis) aqui.

Para quem quiser saber, a foto é de um cavalo no circo Atlas.
 

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