15 de ago. de 2007

Explicar o inexplicável


Vou escrever sobre um tema sobre o qual não costumo escrever nem falar. Quando me abordam sobre este assunto - e digamos que é todos os dias, normalmente em jeito de gozo ou provocação - tento não dar muita conversa. Como é que posso falar, de uma forma ligeira, sobre algo que é o núcleo de mim própria? Não se trata de uma questão de preferência ou gosto, trata-se daquilo que eu sinto e que eu sempre senti e que vejo, de uma maneira aberrante, que a maioria das pessoas não sente. Sentir está muito ligado a pensar e, de forma a não dar completamente em doida com pensamentos do género "mas são todos zombies?!", encontro conforto na crença de que são todos burros. São todos positivamente idiotas.

Todos os dias, a todas as horas, a cada momento que passa milhares de homens e mulheres são violados. Milhares de homens e mulheres são degolados, electrocutados, esfolados, fervidos vivos. Todos os dias nascem crianças que nunca vão ver o sol. Todos os dias nascem crianças que não vão conseguir andar por estarem confinadas a espaços tão pequenos que as sua pernas não se desenvolvem e acabam por partir-se, esmagadas sob o peso da engorda forçada. Todos os dias há adolescentes cujos testículos são literalmente trilhados com um instrumento metálico para serem privados de um desejo que, legitimamente, lhes pertence. Todos os dias milhares de pessoas vêem os seus membros amputados para que não se possam mexer, para que não se metam em confusões com a pessoa do lado. Ou de baixo. Ou de cima. Nas gavetas onde essas pessoas definham não se percebe bem quem está onde. Neste momento e naqueles que passaram desde que comecei a escrever, há bebés retirados às mães para serem canibalizados, tenrinhos que ainda são. E essas mães vêem os seus seios vampirizados mecanicamente por quem nunca deveria ter direito ao seu leite. O leite é dos filhos, não dos saqueadores infanticidas. Matar uma criança para lhe ficar com o leite é completamente hediondo. Essas crianças são lixo, e de uma forma ou de outra vão ser descartadas. Se não servirem para comer, podem ser deixadas ficar, ainda envoltas na placenta (essa única recordação do útero amoroso materno), à beira da estrada ou no meio do campo. São só bebés e estão abandonados! Todos os dias também, há jovens rapazes que, ignorantes do seu destino - pois que mente recém-chegada ao planeta poderia adivinhar tal engenho - são conduzidos para espécie de funil com lâminas que, um a um, os vão fatiando. As raparigas, essas ainda terão de passar mais umas quantas provações que lhes roubarão certamente a inocência de quem não percebe o que está a acontecer. No final, os que sobrarem, os que estiverem prontos, vão em fila indiana para a sala de onde já emana o cheiro do sangue dos da sua espécie.
São homens e mulheres que não podem fugir, são homens e mulheres que vivem uma vida de escravidão como nunca antes fora vista e são homens e mulheres que não percebem. E eu também não percebo. Não percebo a maldade, a crueldade, não compreendo a ignorância auto-imposta destas práticas que a maioria finge desconhecer. Já pensaram bem nelas? Se eu fosse crente em Deus, certamente já teria enlouquecido com a afronta inegável que os Seus mais miseráveis enteados perpretavam contra a Sua divina Criação. Mas mesmo não sendo crente, é isso que eu sinto. Acredito na Jihad. Ela existe dentro de mim e frustra-me não ter os meios para atingir os fins. Para corrigir o que está inerentemente errado.

Para quem percebeu, os homens e mulheres sobre quem escrevo são iguais a mim. Só não são humanos. Para quem não percebeu: mete uma bala na cabeça pois o teu cérebro não vale o oxigénio que consome.

1 comentários:

Anônimo disse...

Acho que tenho o previlégio de inaugurar os teus comentários.

Este texto é o melhor que alguém alguma vez pôde escrever sobre os maus tratos em animais.

A única coisa que posso acrescentar aqui é que: eu também não percebo.

Amei o teu blog :D

 

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