25 de mai. de 2008

Os meus filmes


Na minha cabeça, há sempres filmes a passar. Ou melhor, a serem realizados por mim.

No caminho para o emprego, no meu iPod, imagino telediscos para as músicas que estou a ouvir. Quando vou a um concerto, usualmente começo a cantarolar músicas de outro artista e a construir histórias mentalmente e quando dou por isso o concerto terminou e eu só me lembro da primeira música. Em casa é igual. Estou sempre a fantasiar

Dentro dessa perspectiva, partilho um filme recorrente. Passo a apresentar, em primeiro lugar, os factos: a minha vizinha da frente vive com a mãe e com a filha pré-adolescente, é super-masculina na roupa e na linguagem corporal, e de 15 em 15 dias vai passar o fim de semana fora. O pai da criança costuma vir buscar a filha, embora não saiba com que frequência o faz.

E agora, o filme: a minha vizinha, butch de natureza mas vivendo num estado de negação típico de quem nunca conheceu outros modelos que não os do estilo de vida heterossexual, numa tentativa de mostrar a si mesma e aos outros que é "normal", como as outras, arranja prematuramente um casamento e uma filha, o derradeiro selo de autenticidade hetero.

No entanto, e porque é impossível esconder aquilo que se torna evidente a cada dia que passa, separa-se do marido, bastantes anos mais velho e que, mesmo antevendo a verdadeira natureza da jovem noiva, não hesitara em conduzi-la para o casamento.

Agora, aceitando os seus verdadeiros desejos mas ainda presa às amarras do que nunca foi, decide não misturar as suas paixões com o papel de mãe, refugiando os seus desejos em encontros fugazes previamente agendados a cada duas semanas.

Tenho pena por ela, por não ser capaz de conjugar a sua identidade lésbica com a experiência maternal, mas que posso eu fazer? Foi assim que ela foi educada...

Et voilà, assim se passam 5 minutos na cabeça da vossa Barbarella ao olhar pela janela.

1 comentários:

Rachelet disse...

Olha, identifico-me e compadeço. Porque não criar uma rubrica aqui neste teu canto virtual, algo como «da janela da Barbarella», hein?

 

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