16 de nov. de 2008

Criação de animais para testes na Azambuja

Escrito por kalki na TEAM KALI
16-Nov-2008

Já não é novidade mas um mail que recebi da ANIMAL hoje relembrou-me que deveria falar disto.

Podem ver a notícia da RTP aqui ou ler o artigo no SOL aqui, como preferirem. Alternativamente, fiquem por aqui que eu ainda tenho umas coisas a dizer sobre isso.

Como se pode ver nas notícias, a ideia é criar um Biotério, que para uns é um viveiro de espécies para fornecer aos laboratórios das universidades e farmacêuticas e que, para outros, é pouco diferente de Auschwitz onde também se utilizavam espécies em testes de laboratório sem o seu consentimento.

Toda a gente está entusiasmada com isso. A euforia da possibilidade de criação de novos empregos (80 a 100 novos postos de trabalho) numa altura em que se falam de despedimentos em massa e crises mundiais surte esse efeito.

Mas a realidade continua tenebrosa mesmo com o sorriso dos tolos.

A realidade é uma treta para a maioria das pessoas deduzo eu, ao ver a maioria das pessoas a esforçar-se tanto para a ignorar.

20000 a 25000 gaiolas de animais, essa é a realidade específica do Biotério da Azambuja...

São muitas vidas para sacrificar digo eu e não compreendo o porquê. Demasiadas vidas belas e frágeis que se tornam lucro na mão de Fundações gananciosas mascaradas de humanistas. Sim, a Fundação Champalimaud e os amigos da Calouste Gulbenkian estão-se borrifando para vocês todos no fundo. Pesquisam a cura para o cancro (e outras) sacrificando para tal milhões de animais - que foram criados específicamente com o fim de serem mortos ou retalhados em vida - com o intuito primário de gerar dinheiro. Gera-se dinheiro vendendo os animais, gera-se dinheiro financiando testes em animais e, com sorte a investigação até descobre qualquer coisa de interessante e gera-se dinheiro com as patentes do achado.

Onde entra o humanismo nisto tudo? Não entra. Concerteza que os benefícios atingíveis e atingidos pela medicina contemporânea são louváveis, embora os métodos utilizados raramente o sejam arriscaria.

Metaforicamente estamos na Revolução Industrial e é preferível enaltecer os sucessos relativos da experimentação em animais preservando assim todo um aparato económico-social do que dar lugar a métodos alternativos, sujeitos a regulamentação mais rigorosa e mais eficientes, que substituirão diversas classes de operários e tornarão outras, pura e simplesmente obsoletas. É chato, claro, mas a ideia é melhorar não é? Raramente as melhorias se manifestam sem esforço.

Fiz um paralelo com campos de concentração e não foi despropositado. Os nacionais socialistas foram uns porreiros no que diz respeito a avanços na medicina. Eram aplicados, fartavam-se de testar coisas e tomavam nota dos resultados com o conhecido rigor teutónico. Provavelmente já todos nós beneficiámos de um qualquer avanço medicinal descoberto por um médico nazi, de algum modo isso não torna muito melhor o facto de que, para realizarem esses avanços, eles se tenham fartado de matar pessoas. Vidas inocentes.

É especismo. É especismo o termo que define o sentimento dos que acham que existem dois tipos de animais: nós e os outros todos. São as pessoas especistas que não compreendem que não existe diferença entre Auschwitz, Birkenau ou Treblinka e um qualquer laboratório onde se matam animais. Especistas.

Eu sei que as minhas analogias podem aparentar ser de mau gosto e ferir determinadas susceptibilidades, no entanto, as minhas analogias são fruto do meu entendimento da realidade - sou dos que tenta não a ignorar - e para mim não existe diferença qualitativa real entre vidas.

Conseguem imaginar quantos animais foram e estão a ser metodicamente mortos desde que começaram a ler este texto? E se os ouvissem a gritar, conseguiriam voltar a dormir?

Por vezes tento imaginar isto e é precisamente por saber que não tolero essa ideia, que tão fortemente me oponho a qualquer espécie de experimentação animal.

Honestamente, não consigo deixar de desejar que todas as pessoas envolvidas em testes com animais morram, com dor, devagar.

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