25 de fev. de 2010

In the closet...

Este é um post que há muito penso em escrever mas que tenho constantemente adiado. Não quero ofender ninguém. Mas por outro lado, será que corro o risco de ofender? Será que alguma pessoa visada por este texto alguma vez virá ter a este blog? Creio que não. (Só sou amiga de malta assumidérrima.)

Sem qualquer tipo de estudo científico que sustente esta opinião mas com evidências gritantes que não posso ignorar, tenho a dizer o seguinte: o Porto é a cidade mais no armário que conheço.

Tendo passado a minha infância e pré-adolescência no Porto, não posso dizer que nessa altura estivesse muito atenta ao que o meu gaydar detectava. Na verdade, acho que nem sequer tinha ainda desenvolvido tal coisa.

Tendo vivido os anos seguintes na capital, habituei-me a ver um sadio convívio entre homo e heterossexuais (como odeio estas duas palavras...) assim como entre brancos e negros, tugas e zucas, etc e tal.

E atenção, não falo dos ghettos óbvios que são os bairros alfacinhas onde abundam os discos gays e que anualmente são incluídos nas marchas do orgulho. Falo da cidade toda, onde tanto na rua como no emprego ninguém emitia julgamentos e muito menos auto-repressão. É claro que ocasionalmente há um(a) idiota mas isso é ocasionalmente.

Ao regressar ao Porto, comecei a reunir suspeitas de não encontrar o mesmo cenário.

A primeira pista deu-se nos Classificados do JN, quando procurava uma casa para alugar.
Como sou uma pessoa que se interessa por saber onde param as modas, via frequentemente os anúncios de convívio. E o que é que abunda nesses anúncios? Travestis. Preferencialmente activos e com - passo a citar - "mega-dotação". Choque. Horror. Algum medo.

Onde estão os anúncios de gajas? E os de gajos jovens, bonitos e musculados? Quase nada.

Nessa altura percebi: o mercado da prostituição portuense estava pejado de homens que preferiam pagar para ir para a cama com uma mulher "apetrechada" do que com um homem a sério.
Será que ao irem com homens transmorfados de mulheres estes clientes acham que são menos gays? Que macabro.
Não é por mais nada, mas quando as próprias pessoas não estão bem com aquilo que as caracteriza como indivíduos, como é que é suposto a sociedade evoluir?

Adiante. Lá arranjei a minha casa.

Na zona onde moro - eixo Marquês-Sta. Catarina-Trindade - posso comprovar in loco aquilo que era anunciado nos classificados. Mega-travacões brasileiros a entrar em pensões reles com tugas pequenitaites que nem pela cintura lhes chegam. Confesso que é algo que me faz sorrir. Não pelo travesti enorme e machão mas pela figura do pseudo-machinho português à procura de um momento bem passado.

No início, eu estava realmente convencida de que esta situação bizarra estava destinada a acabar com a actual geração dos cinquentões, mas todos os dias vejo que não, que a gayzisse mal aceite foi herdada pela geração que veio a seguir à minha, pelos putos de 17 anos cheios de maneirismos parvos que os denunciam mas que se esforçam por segurar a mão da rapariga ao seu lado e até de vez enquando trocar uns beijitos.
E elas, serão estas miúdas assim tão estúpidas que não vêm a pessoa que têm a seu lado? Não se vêm como fag-hags desesperadas? Eu vejo.

Há uns anos longos, conheci um rapaz aqui do Porto na discoteca Trumps, no Príncipe Real. Tal como outros moços da Invicta, ele ia frequentemente a Lisboa onde, na altura, a noite gay era bem mais agitada e interessante que a do Porto. Isso e provavelmente não havia riscos de se cruzar com nenhum conhecido.
Pois esse mesmo rapaz que tão escandalosamente se comportava dentro e fora da discoteca quando "protegido" pelos segurança de um bairro assumidamente gay friendly, que tanto privava comigo e com o meu grupo de amigos, passou meses depois por um de nós e nem sequer disse olá. Estava agora a morar em Lisboa e ia engravatado a caminho do trabalho. Limitou-se a olhar e a baixar a cabeça de imediato.

A pessoa com quem isto se passou ficou um pouco magoada mas aquilo que sentiu acima de tudo foi pena do outro. Deve dar tanto trabalho andar escondido...

12 comentários:

Rachelet disse...

Mega-dotação.
Biútifu!

bárbara disse...

E olha que eu não invento. Eis parte de un anúncio publicado hoje:

"Nova na cidade. Uma gata no cio, peito XXL, O...nat. até o fim. Dotadíssima. Esp. em principiantes. C/ 4.ª oport., 24H Duríssima"

Lol?

Rachelet disse...

Com 4ª oportunidade? WTF?

John Rebel disse...

U rocks babe...

Pony disse...

Tens toda a razão. O Porto é a cidade das virtudes públicas e vícios privados. Infelizmente... Mesmo entre os gays, conheço tantos q aqui são as maiores púdicas e cheias de princípios mas quando vão a Madrid são as maiores paneleironas do mundo e fazem coisas q nem te passa. Já p n falar das bichas do PP, essa espécie tão portuense...

Ibirá Machado disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!! Quanto à mega dotação das travecas brasileiras eu posso dizer que se comprova, ao menos pelo que vejo na avenida do Jóquei Clube de São Paulo, perto da minha casa, que, além de mega dotadas, estão mesmo 24 horas duríssimas. Faça chuva, faça sol. Duríssimas em baixo e em cima, já que vai tanto silicone nos neo-seios que valha-me Deus.

Não, nunca provei.

bárbara disse...

Rache: 4ª oportunidade é muito, muito, muito mau.

Rebel: I speekz da truth.

Pony: Bichas PP? Eu sabia que existiam mas ainda ninguém mo dissera abertamente. Que infelizes...

Ibirá: :D :D :D

Anônimo disse...

Acabei de pensar que se calhar é essa a razão de nos gay prides ser toda a gente muito espampanante e in-your-face. Talvez seja para que o cidadão comum se sinta mais confiante enquanto meio termo. Digo meio termo, não porque concorde que assim seja, mas há moços e moças que se acham na obrigação de, por serem gay, terem que se portar como esse que mencionas se portava, em vez de continuarem iguais ao que são.

Ibirá Machado disse...

É. Como se ser gay significasse fazer parte de um grupo étnico-cultural com valores e padrões comportamentais obrigatórios para sermos... aceitos no grupo! Humpf.

John Rebel disse...

O mal das nossas vidas... É que é mesmo tudo verdade!

Unknown disse...

..aahh, o melhor de dois mundos.. e o facto de escolher travecas altas demonstra uma clientela já madura em relação à oferta do mercado, evitando o risco de esfolar os joelhos..

bárbara disse...

Que classe...

 

Blog Template by YummyLolly.com