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No Carga de Trabalhos, um site dirigido principalmente a áreas relacionadas com a comunicação, vejo inclusivamente anúncios de empresas que, à custa dos estágios não remunerados, constituem equipas criativas inteiras sem gastar um tusto, coloncando anúncios distintos para designers, programadores, paginadores e tradutores.
E como vai sempre haver um puto à procura da primeira oportunidade de brilhar na área de estudo em que enterrou centenas (senão milhares) de euros, as empresas continuarão a lucrar com base na mão de obra gratuita.
Resultado: não há qualquer dinâmica no mercado de trabalho, os putos iludidos de hoje serão os trintões desempregados de amanhã, que após o fim do estágio verão outro otário substituí-los e compreenderão que estes estágios não remunerados não têm valor nenhum. Não abrem portas. Não enriquecem o currículo. São só horas de trabalho perdidas.
Entretanto os verdadeiros profissionais, aqueles que, tendo ou não experiência, esperam ver o seu trabalho recompensado com um salário ao fim de cada mês, ficam na merda. Porque vai sempre haver alguém que, sem receber nada, se disponibiliza a fazer o que for preciso. Ainda que isso comprometa a qualidade do produto. Sites pouco funcionais, traduções incorrectas, que se lixe.
E é já para não falar nas empresas de advogados, onde esta situação é quase regra. Sim, pôr licenciados em Direito a tirar cafés e a atender telefones ajuda-os imenso a consolidar o que aprenderam na faculdade.
Em conversa de bloggers no outro dia, conclui-se que estes estágios profissionais são em grande parte causadores da continuidade da crise em que estamos, em que há pessoas que estão desempregadas ou que não arranjam emprego naquilo que sabem fazer melhor porque o mercado está infestado de totós que trabalham de borla.
O site que referi acima vende uns crachás muito divertidos a brincar com esta situação, que infelizmente é muito séria. Mas mais vale rir que chorar, certo?